05/Que outras condições podem acompanhar a doença mental?
Determinados comportamentos, sintomas e condições estão diretamente relacionados com a doença mental, a ansiedade, a fadiga, a procrastinação, as insónias ou os comportamentos autolesivos são alguns exemplos.
Condições que podem acompanhar a doença mental
Muitas vezes não valorizamos o facto de nos sentirmos continuamente ansiosos, termos problemas de sono ou adiarmos continuamente tarefas importantes para o dia a seguir.
Já te interrogaste o que poderá estar por detrás de um comportamento autolesivo ou de um consumo excessivo de álcool, tabaco ou drogas?
É importante considerarmos outros componentes da doença mental e como estes podem agravar um problema desta natureza. O conhecimento destas condições alerta-nos para o seu reconhecimento precoce favorecendo a definição de um plano de tratamento atempado e mais eficaz.
É sempre recomendado consultares o teu médico de família para fazer um “diagnóstico por exclusão” perante o surgimento de sintomas físicos, como por exemplo: insónia, fadiga ou dor crónica.
A lista abaixo são apenas alguns exemplos de condições que estão relacionadas com a doença mental, existem muitas outras. Daremos o nosso melhor para continuar a adicionar mais informação.
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A ansiedade refere-se a um estado de preocupação, nervosismo ou apreensão que é considerado uma resposta normal a situações stressantes da vida. É uma emoção comum que todos nós experimentamos em determinados momentos e pode até ser útil em certas circunstâncias, pois pode motivar-nos a lidar com desafios ou perigos iminentes.
Embora seja comum sentirmos ansiedade em momentos específicos da vida, é importante distinguir entre ansiedade não patológica e perturbações de ansiedade, que envolvem uma preocupação excessiva e persistente, que interfere significativamente no funcionamento diário e no bem-estar geral da pessoa. Se a ansiedade se tornar excessiva, incapacitante ou persistente, é importante procurar um profissional de saúde para avaliação e tratamento adequados.
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A fadiga é uma sensação de cansaço extremo, fraqueza física ou mental e falta de energia que não é aliviada mesmo após o repouso adequado. É uma condição comum que pode ser temporária ou persistente e pode afetar pessoas de todas as idades.
Os sintomas de fadiga podem incluir fraqueza muscular, dificuldade de concentração, irritabilidade, sonolência diurna, dores de cabeça, tonturas e falta de motivação.
Este sintoma pode estar presente em variados problemas de saúde, nomeadamente em perturbações mentais como, a ansiedade, a perturbação depressiva ou bipolar, entre outros, mas também problemas de saúde física como doenças cardíacas, pulmonares, infeções ou anemia.
O tratamento da fadiga depende da causa subjacente! Se sentes fadiga de forma persistente, há mais de 4 semanas, e se esta tem afetado, significativamente, a tua qualidade de vida, procura ajuda do teu Médico de Família, ele saberá como ajudar-te!
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A procrastinação é o ato de adiar uma tarefa ou atividade que é preciso ser realizada, muitas vezes substituindo-a por atividades menos importantes ou mesmo evitando-a completamente. É um comportamento comum que afeta muitas pessoas em diferentes áreas da vida, como trabalho, estudo, tarefas domésticas ou projetos pessoais.
As razões para procrastinar podem variar e incluir a falta de motivação, medo do fracasso, dificuldade de concentração, perfeccionismo, ansiedade, dificuldade em gerir o tempo ou,simplesmente, o desejo de evitar tarefas desagradáveis.
Embora procrastinar ocasionalmente possa não ser um problema significativo, a procrastinação crónica pode levar a sentimentos de culpa, ansiedade, diminuição de produtividade e afetar negativamente o cumprimento de prazos e objetivos importantes.
A procrastinação tanto pode ser um sinal de fragilidades na saúde mental (e.g.: síndrome de burnout) como um fator que mantido a longo prazo poderá causar sofrimento e ter um impacto significativo na vida de quem apresenta este tipo de comportamento.
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Os distúrbios do sono referem-se a uma ampla gama de condições médicas que afetam a qualidade, a duração e o padrão do sono de uma pessoa. Alguns dos distúrbios do sono mais comuns incluem apneia do sono, narcolepsia, síndrome das pernas inquietas e distúrbios do ritmo circadiano, entre outros.
Os distúrbios do sono podem ter uma relação bidirecional com problemas de saúde mental. A insónia está comumente associada a outras condições de saúde mental como a depressão, a ansiedade, a perturbação de stress pós-traumático, ao transtorno bipolar, entre outras. Para além disso, a falta de sono de qualidade pode exacerbar os sintomas de perturbações mentais, tornando-os mais difíceis de gerir.
Por outro lado, os distúrbios do sono podem ser uma causa de problemas de saúde mental. A privação crónica do sono pode afetar negativamente o funcionamento cognitivo, emocional e comportamental de uma pessoa, aumentando o risco de desenvolver perturbações mentais, como a depressão.
Em Portugal, de acordo com os resultados obtidos em alguns estudos, 28,1% da população com mais 18 anos sofre de sintomas de insónia, pelo menos três noites por semana (nas pessoas com mais de 65 anos, as queixas de insónias chegam aos 50%), com repercussões negativas na saúde e na qualidade de vida. É o distúrbio de saúde mais frequente no adulto e associa-se a importantes consequências, como o aumento da mortalidade causada por doenças cardiovasculares, distúrbios psiquiátricos, diabetes, acidentes e absentismo laboral.
Portanto, é importante abordar tanto os distúrbios do sono quanto os problemas de saúde mental de forma holística e integrada. Procure a ajuda do seu Médico de Família, se sente dificuldade em adormecer e/ou em manter o sono.
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São comportamentos deliberados e repetidos de causar danos físicos ao próprio corpo sem intenção de suicídio. Estes comportamentos podem assumir várias formas, como cortar, queimar, bater, arranhar, beliscar ou perfurar a pele, entre outros métodos.
As pessoas com comportamentos autolesivos muitas vezes relatam que isso lhes proporciona alívio temporário de emoções intensas, como angústia emocional, ansiedade, raiva, tristeza ou sensações de dormência emocional. Para algumas pessoas, a autolesão pode se tornar uma forma de lidar com o stress e com emoções dolorosas ou de expressar sentimentos internos difíceis de verbalizar (e.g.: a raiva, a solidão ou o desespero)
No entanto, os comportamentos autolesivos são geralmente mal-adaptativos e podem resultar em sérios danos físicos, complicações médicas e problemas de saúde mental. Além disso, eles podem criar um ciclo vicioso, onde a pessoa se sente envergonhada ou culpada por se autolesionar, o que pode aumentar ainda mais a angústia emocional e perpetuar o comportamento.
Os comportamentos autolesivos são frequentemente associados a problemas de saúde mental subjacentes, como perturbações de ansiedade, perturbações do humor (como depressão ou doença bipolar), perturbação de stress pós-traumático, transtorno de personalidade borderline e perturbações do comportamento alimentar. No entanto, é importante referir que nem todas as pessoas que se autolesionam têm um diagnóstico formal de doença mental.
Qual o tratamento?
O tratamento para comportamentos autolesivos geralmente envolve abordar tanto os aspetos físicos quanto os emocionais do comportamento, nomeadamente psicoterapia individual ou de grupo e medicação.
Se tens comportamentos autolesivos ou conheces alguém que tem, procura ajuda junto de um profissional de saúde!
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